Quando pensamos em saúde, a primeira
coisa que nos vem à mente é a ausência de doenças, um corpo “limpo” de males
físicos que de alguma forma impossibilitam, limitam, a vida de uma pessoa.
Contudo, a complexidade característica do ser humano nos mostra que tal homem
não se constitui exclusivamente da parte orgânica, mas também psíquica, social
e espiritual, partes estas que merecem um olhar quanto à saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
define saúde como “completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não
apenas ausência de doença”, e a Constituição Federal brasileira afirma que a
saúde é um direito e é um dever do Estado garantir saúde para todos, com a participação
da comunidade, garantindo uma qualidade de vida e saúde igualitárias para
todos. Assim, o Estado deve ter políticas públicas para Promoção, Proteção e
Recuperação da Saúde.
Pois
bem, vejamos alguns fatores que determinam e influenciam diretamente a saúde de
todos:
·
Alimentação
·
Moradia
·
Saneamento
·
Meio
ambiente
·
Trabalho
·
Renda
·
Educação
·
Transporte
·
Cultura/Lazer
Pensando neste ser humano influenciado
por diversos fatores para que haja a saúde, cabe perguntar: como está sua
alimentação? Tem sido garantida, e de qualidade para a promoção da sua saúde? E
a sua moradia, está de acordo com a promoção da sua qualidade de vida? Tem
saneamento? É um local em que você pode usufruir de áreas verdes, um meio
ambiente que estimule maior bem-estar físico e mental, ou diminuição do stress
causado pela rotina de vida? Seu trabalho está causando prazer ou desprazer?
Tem transporte adequado e uma renda condizente com suas necessidades? Está
tendo acesso à educação, cultura e lazer de forma a desenvolver um crescimento
pessoal e qualidade de vida?
Apesar de ser apenas um esboço, caso
tenha respondido “não” a alguma das perguntas feitas acima, saiba que sua saúde
já está sendo comprometida em algum nível da vida que é tão importante quanto à
saúde orgânica, mas que infelizmente a sociedade não dá o devido valor.
Imaginem um corpo onde seus órgãos estão
inter-relacionados: se um deles falha, todo o resto ficará comprometido. Se por
acaso o pâncreas não exercer sua função adequadamente, a parte digestiva e
hormonal ficarão comprometidas, influenciando, por exemplo, o intestino, o
sangue e outras funções do corpo. Logo todo o corpo estará comprometido. Assim
é para todos os órgãos: coração, fígado, etc. Agora, pense no ser humano como
um todo, como um “corpo” composto de físico, mental, social e espiritual, todo
inter-relacionado. Se um desses “órgãos” não está funcionando adequadamente,
todo o resto estará comprometido.
Para terem uma ideia do que estou
falando, até a cidade em que vivemos influencia nossa saúde, primeiro porque
tivemos que nos acostumar com a artificialidade dos prédios, ruas, e até
parques ecológicos, pois somos seres naturais vivendo em locais artificiais.
Sei que agora nos é comum viver nos centros urbanos, nas florestas de pedras,
mas o homem como ser genuinamente natural, está vivendo num local artificial, e
isto tem uma influência sobre ele, quer percebamos ou não. Segundo porque toda
cidade tem suas características, crenças e economia, que acaba tendo certas
exigências para os homens. Por exemplo, separa-se os ricos dos pobres, e os
mais abastados tem construído muralhas, presídios luxuosos para se afastar dos
perigos dos menos afortunados. Vivem de certa forma presos, com liberdade
limitada, para proteger suas fortunas e integridade física. Outros, querendo
ter acesso às riquezas, usam de meios marginais para alcança-las. Ambos sofrem,
consciente ou inconscientemente, e a saúde como um todo acaba sendo
comprometida.
A
Organização Mundial da Saúde e a Eco-92 definiram como seria uma cidade
saudável:
·
Ambiente físico limpo e seguro;
·
Ecossistema estável e sustentável;
·
Alto suporte social, sem exploração;
·
Alto grau de participação social;
·
Necessidades básicas satisfeitas;
·
Acesso a experiências, recursos, contatos,
interações e comunicações;
·
Economia local diversificada e inovativa;
·
Orgulho e respeito pela herança biológica e
cultural;
·
Serviços de saúde acessíveis a todos;
·
Alto nível de saúde.
Cabe
perguntar novamente: nossa cidade está promovendo nossa saúde?
Por
fim, gostaria de comentar rapidamente sobre a saúde na terceira idade, já que é
o destino (ou a realidade) de muitos de nós.
Nos
últimos anos, a expectativa de vida da população tem aumentado, e passou de
43,2 anos em 1950 para 73 anos em 2012, culminando num aumento considerável do
número de idosos.
Vários
fatores acometem a saúde na terceira idade, entre eles, doenças degenerativas,
incapacitantes, vasculares, doenças nos aparelhos circulatório e respiratório,
entre muitas outras. Sabe-se, contudo, que bons hábitos alimentares e
exercícios físicos prolongam a capacidade funcional do idoso (capacidade de
independência), e esta funcionalidade está associada também às características individuais e de fatores
ambientais, ocupacionais e de estilo de vida. Alguns idosos desenvolvem até “projetos-doença”,
como forma de continuar a ter contato com a comunidade e garantir a sobrevida.
Como se vê,
saúde vai muito além de ausência de doenças, pois envolve várias “facetas” dos
seres humanos, e, portanto, para a promoção da saúde total se faz necessário um
conjunto de ações que vão desde uma Alimentação Saudável; Prática
Corporal/Atividade Física (andar a pé, de bicicleta, estimular caminhadas e
atividades físicas em geral); Prevenção da violência e estímulo à cultura de
paz; Promoção do desenvolvimento sustentável; até estímulo ao convívio social
harmônico, bem-estar mental e espiritual, entre outros.
Então, como
está sua saúde?
Noélton Panini de Sousa