quinta-feira, 5 de junho de 2014

Por que a “Lei Menino Bernardo”, antes chamada de “Lei da Palmada”, é um avanço?

Tenho ouvido vários comentários de pessoas se dizendo horrorizadas por não poderem mais educar seus filhos, e que, após a “Lei Menino Bernardo”, as crianças e adolescentes ficarão incontroláveis. Muitos justificam que apanharam quando criança e hoje não são traumatizados. Pois bem, posso afirmar que tal lei é um avanço para a sociedade brasileira, desde que aplicada.
É certo que as crianças e adolescentes testam nossos limites nos vários aspectos da vida, seja econômico, social, emocional, comportamental, psicológico, etc., etc., etc., e nos fazem perder a cabeça. Com a palmada (quando não é substituída por fios de eletrônicos, pedaços de pau, varas, etc.) a situação se resolve na hora. Contudo, a criança sente a agressão física como um ataque ao seu Eu, e tal Eu, merecedor de tamanha agressão, passa a ser sentido como algo inferior, desprezível e digno de sofrimento. É um respeito baseado na intimidação, que culmina em medo, insegurança, timidez, agressividade, entre inúmeros outros problemas na personalidade. Além disso, a criança aprende com o exemplo dos pais a como resolver os conflitos e divergências: através de socos, pontapés e agressões em geral.
Então a solução é deixar a criança fazer o que quer? É isso que a “Lei Menino Bernardo” preconiza?
Não!
Toda criança tem, entre outras, duas grandes necessidades básicas: Afeto e Limites. A palmada vem sendo utilizada há imemoráveis tempos, e é a forma mais fácil para os pais terem seus filhos sob controle, além de ser o jeito mais popular de se colocar limites, trazendo muitas consequências negativas. No entanto, não é a única. O limite pode ser posto de várias outras maneiras, e pode ser pensado e adaptado conforme a realidade de cada família. Alguns exemplos são: o cantinho do pensar; privar de algum objeto ou atividade que o filho gosta; castigos (que não físicos); tarefas extras, como auxiliar os pais nos cuidados da casa; olhar de reprovação; e inúmeros outros.
A resistência, a meu ver, à lei proposta se baseia no fato de a grande maioria das pessoas desconhecerem novas formas de educar e impor limites, e, por não terem esses conhecimentos e não terem vivenciado elas próprias estas novas formas, sentem-se despreparadas quanto às novas possíveis formas de educar, quando não as enxergam como ineficientes.
Educar através da agressão é fácil, basta experimentar os ânimos um pouco exaltados. Difícil mesmo é ter que se reinventar e se redescobrir dentro de novas formas de educar.

Pensem bem: porque bater em crianças é aceito, mas se se faz o mesmo com um idoso ou uma mulher essa atitude é repugnada por todos? Algo de errado deve ter com tal atitude, e é o fato de se caracterizar como uma agressão.

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